segunda-feira, 26 de julho de 2010

O Codice: Capitulo 6 - Retorno ao Passado




Um guincho parava na frente da casa, um Bernard furioso estava sentado no banco do passageiro, não conseguia entender como seu velho carro fizera isso com ele, parar assim no meio da rua. Descia e ia até a janela do motorista dar os alertas, coitado dele se arranhasse um só centímetro do seu carro.

- Cuidado ae cara... Isso tu já sabe, é uma relíquia... Cuidado com minhas parafernalhas e se tiver faltando algo já sabe, fica sem cabeça. Então quanto te devo? – Puxava a carteira já desanimado com quanto ia custar o concerto do carro.

- Olha tu passa lá na graxa amanhã pra pegar teu carro, vai ta prontinho e num quero papo com teus pobrema não cara o carango vai vorta com tudim que ta dentro! Fica uns 100 conto de entrada e o resto tu me da amanhã quando eu soube que que teu carango tem beleuza?

- 100??? Isso vai, leva mesmo meu dinheiro, toma e quero ele tinindo amanhã. Ainda não testei a moto mas você arrumou o problema não foi? – Puxava algumas notas amassadas da carteira e entregava nas mãos sujas de graxa.

- Arrumei pow num confia mai não é? Se tu testar e tiver com barulho leva lá que eu arrumo di gratis e ainda troco as peça! – Enfiava o dinheiro no bolso do macacão e dava partida no caminhão. – Amanhã sem farta teu carango ta pronto.

- Ta bom ta bom, amanhã passo lá a tarde. – Acenava e via ao longe seu carro indo embora. Ainda bem que tinha uma segunda opção pra ir trabalhar. Girava a chave no indicador no pequeno caminho que tinha até sua casa, janelas fechadas, nenhuma luz lá dentro. – É, ela já foi dormir. – Olhava o relógio, já passava da meia noite além de ter passado 2 dias fora. Um sorriso passava pelos lábios enquanto imaginava sua comida no forno, esperando pra ser aquecida, a mesa posta, a casa limpa. Se acostumara com isso nos poucos dias em que ela estava morando com ele. Os pensamentos divagavam sobre leva-la pra sair, ela precisava sair um pouco de casa. A chave era encaixada, a porta aberta para uma escuridão. As mãos iam automaticamente pro interruptor ao lado da porta, pra cima, pra baixo e nada acendia. Péssimo sinal.

- Gabrielle? – Chamava com a voz já em seu rosnado habitual, as mãos tateavam o interruptor do corredor, as luzes acendem. A lâmpada da sala apenas queimou. Aliviado tirava o coldre o deixando sobre a mesa. Silêncio. Nenhum som, nenhum movimento, nenhum latido. – Bonne??? Bonne.. Cadê você garoto??? – Corria para o quarto, a porta fechada, sentia aquele cheiro agridoce, um chute abria a porta, o cheiro ficava mais forte. Acendia as luzes, teve que se conter pela cena que vira. Pedaços de pelo e sangue por todos os lados, ossos roídos amontoados em cima da cama, um crânio animal no topo  da pilha de ossos dava o toque final, tufos de pelo ensangüentados grudados em certos pontos da parede. Abaixava-se pegando a coleira.

- Miseráveis... – Enfiava a coleira suja no bolso. E se dava conta, onde está ela? – Gabrielle???? – Corria pela casa escancarando as portas, voltava à sala vazia. Ela sumira. O som de um estalido metálico no banheiro. As mãos iam à glock sempre a sua espera em cima da estante. Engatilhava. Não se dava ao trabalho de ser silencioso, já sabiam que ele estava ali. Era delicado como sempre abrindo a porta com um chute, o sangue já coagulado fazia seu estomago revirar, não... Ele estava acostumado com o cheiro, o que lhe dava medo é não te-la encontrado. Na parede oposta, lá estava, escrito com sangue:
“Lexton 4º”

Apenas uma palavra que fazia todo sentido. O covil. Se arrependendo amargamente de não ter explodido o lugar. Ele ainda tinha algumas horas antes do dia amanhecer, precisava se apressar. Ela ainda está viva, sentia isso dentro de si. Não ia deixar que tudo acontecesse de novo. Não ia perdê-la. Empurrava a porta da cozinha de qualquer jeito indo aos fundos da garagem, puxava uma lona preta e lá estava sua harley, companheira de aventuras e emergências. Ia até a prateleira do fundo, não tinha tempo pra esperar até tirar tudo. Com um empurrão ela vai ao chão e Bernard com um pedaço da mesma quebrava a parede falsa até achar seu pequeno arsenal. Armava-se até os dentes. Não ia sobrar um daqueles malditos vivo. Nem um pra contar história. A marca do pneu era deixada pra trás junto com a fumaça e ele seguia rumo ao lugar de onde antes a salvara e agora a salvaria de novo. Sairiam da cidade, viveriam longe dali sem vampiros, lobisomens, fadas, bruxos ou o que diabos seja. O vento frio contra seu rosto e o tom cinza no céu denunciava o mau tempo. Clarões no horizonte já eram vistos, o temporal se aproximava e agora o plano seria outro, entrar, matar, salvar. Seria herói. O seu herói. Freava a moto na frente do prédio, o lugar onde a conhecera. Eles foram espertos. Ainda tinham algumas horas antes do dia nascer. As glocks em suas mãos engatilhadas estavam prontas pra agir