quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

O Codice: Capitulo 4 - A História




- Da próxima vez você vai comprar suas roupas! – Estendendo uma sacola florida, provavelmente de uma loja feminina.

- Nossa! O que aconteceu na loja pra você chegar desse jeito? – Olhando o conteúdo da sacola, uma calça jeans, um short, algumas camisetas básicas. E ali estava o problema, num pacote menor, lingerie. Não consegue conter a risada. – Você me comprou calcinhas??? E... Sutian??? – Não conseguia parar de rir, mas ao ver a cara de bravo dele acaba se contendo. – Tudo bem entendi, mas me diz o que aconteceu?

- Como vocês agüentam? Tamanho P, M, G taça 34, 38, 40 eu não fazia a mínima idéia! Altura? Cintura? E a vendedora não parava de fazer perguntas idiotas do tipo “ah ela gosta de cintura alta?” como assim cintura alta? Humph. Da próxima vez você vai! – A cena era realmente cômica, ele andando pra lá e pra cá falando de coisas que era comum pra ela. Mas com um ronco da barriga ele muda de assunto. – A comida ta, droga esqueci no carro. – Se levanta indo buscar.

- Tudo bem, vou me trocar pra comer. – Ele logo retorna e a encontra de costas, usando uma das lingeries, abaixada puxando o short pelas pernas grossas, quando percebe que ela ia se virar apressa o passo até a cozinha, a mesa estava posta. Pratos, talheres, copos e um pequeno jarro com flores, nem imaginava que algo assim existia em sua casa.

- Bem espero que tenha trazido bastante comida por que eu to faminta! – Já pegava o pacote das mãos dele, comida chinesa. – Hummmmmm adoro comida chinesa! – Ele ficava de pé a olhando enquanto ela o servia. – Er.. B, você pode sentar sabe? Mas primeiro vai lavar as mãos! – Fala com tom mandão e começa a rir.

- Não abusa da sorte garota. – Vai até a pia da cozinha e lava as mãos rapidamente, a olha de canto. Ela o esperava para comer. Assim que ele senta ela pega o hashi comendo, ele fica olhando pra ela e pra os pauzinhos e pega o garfo.

- Ei, não tem graça comer de garfo! – Tirando o garfo da mão dele, se levanta pegando o hashi. Assim, você pega e coloca ele entre os dedos ta vendo? Agora tenta.

- Eu não quero usar esses palitos, se fosse pra comer assim eu comia espetinho! – Olhando de cara amarrada. Mas ela já estava se acostumando com o jeitão dele e não desiste.

- Você vai comer de hashi! Anda! – Pega a mão dele e coloca o hashi na posição certa e o mostrava como movimentar e segurar a comida. Mas ele não ligava mais pra comida, como a pele dela era macia, como seu toque era quente. Ele fica em silêncio olhando para a mão dele sobre a sua, ela logo solta e vai sentar voltando a comer quieta.

Ele apenas murmura algo e tenta pegar uma porção do yakisoba, que logo cai. Ela o olha e sorri.

- Isso, mas da próxima vez tenta enrolar um pouco no hashi. – Ele o faz e estava uma delicia, mas com a fome que tava tudo parecia gostoso.

O silêncio predomina pelo resto da refeição até que os pratos ficam limpos. Ela o olha receosa, queria perguntar algo, mas tinha medo da atitude dele perante a pergunta. Resolve arriscar assim mesmo.

- B, posso te perguntar algo? – Não esperava menos do que o olhar que ele lança a ela, mas ainda assim ele afirma com a cabeça então ela continua. – Por que você ficou tão agitado quando eu falei daquela caixa? – Passa a mão pelos braços onde ficara pequenas marcas do nervosismo dele.

- Eu esperava que... Você perguntasse isso. – Ele parecia triste, mas se levanta e vai andando até o quarto, ela o segue. Quando chega lá ele retirava a caixa do armário, era mais ou menos do tamanho de uma caixa de uma tv de 21 polegadas. A coloca sobre a cama e fica de pé. Ela senta o olhando.

- Se não quiser falar tudo bem, é só que... Queria saber o que aconteceu pra te deixar daquele jeito. – Ele parecia não ouvir, passava a mão pela caixa, como se lembrasse de várias coisas.

- Nos conhecíamos a 10 anos, quando me mudei pra cá pouco depois ela veio também, disse que não agüentou ficar longe de mim e acabamos morando junto. – Ele abria a caixa, tirando um vestido longo num tom claro, mas não chegava a ser branco. Coloca em cima da cama, enquanto isso ela arrisca um olhar pra dentro da caixa, dentro ainda estavam algumas peças de roupa cuidadosamente dobradas, algumas pequenas caixas e um pequeno vidro de perfume vazio. Ele continua falando. – Moramos aqui por 5 anos até que eles apareceram, descobriram de quem eu era filho, foi na mesma época em que eu descobri o que o meu pai fazia pra viver. – Ela o interrompe.

- Caçava vampiros... – Fala num tom baixo, mas logo percebe e se cala o olhando com um pedido de desculpa nos olhos. Ele não liga e continua.

- É, caçava. E eles não estavam nada felizes, quando eu descobri tentei afasta-la e deixa-la longe desse perigo. Mas ela não ouvia e dizia que queria ficar comigo e não ia me deixar por nada. Mas ela não tinha noção do perigo. Um dia cheguei em casa e ela não estava mais. Estava tudo revirado e tinha sangue por todo lado. Eu fiquei louco e sai atrás dela a procurando por todos os lados e em todos os esconderijos que eu conhecia, levei semanas até achar o lugar certo. – Tirava algumas fotos de dentro da caixa, uma bela moça ruiva, abraçada com um Wacklon bem mais novo e cuidado. - Mas cheguei tarde, alguns minutos atrasado. Matei o desgraçado que estava pendurado em seu pescoço com um só tiro bem entre os olhos, ainda consegui ver seus últimos movimentos, seus últimos suspiros e suas ultimas palavras ela disse que jamais me deixaria, que voltaria para mim. Tentei trazer seu corpo comigo, mas o lugar foi explodido, uma armadilha para me pegar, mas consegui sair de lá. Mas não consegui trazer o corpo! O teto desabou, fogo por todos os lados! E ela caiu dos meus braços quando o primeiro pavimento enfraquecera, não consegui segura-la! Não consegui! – E ali estava uma cena que ela jamais imaginara ver. Waclkon chorava como uma criança. Ela o abraça tentando acalma-lo.

- Shhh você não teve culpa, não foi sua culpa, Shhh... – E o senta ao seu lado... Logo o deita e fica abraçada a ele deixando que ele chore, apenas acariciava sua cabeça. Ainda lembrava do rosto da moça, ruiva, pele branca e olhos azuis. Lembrava ela mesma. E começa a sentir medo por essa semelhança. Se passam alguns minutos, algumas horas não sabe dizer, mas logo ela pega no sono ali abraçada com ele.

Incrível como aqueles braços lhe traziam segurança, calmaria. Era incrível como o calor daquele corpo o acalma e ele sente seu corpo esmaecer, não queria mais lembrar, apenas se mantém de olhos fechados e adormece.

Continua... 

quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

O Codice: Capitulo 3 - Novos Dias




A fumaça do cano de escape ia enchendo lentamente a garagem, finalmente em casa. O dia fora duro mas nada que algumas boas horas na banheira e algumas carteiras de Malboro não resolvessem. Enquanto esse devaneio lhe vem a mente caminhava em direção a porta da cozinha, empurrava a porta que cede até a corrente do pega ladrão, mas o tranco surpreso o faz dar de cara na porta.

- Cacete... – Massageava o nariz tentando entender por que diabos a porta estava fechada e quem ela pensa que é pra trancar a porta desse jeito? Tentando se lembrar se a disse pra não tocar em nada enquanto forçava a porta.

- Ow, garota??? Alooowww??? – Ouvia Bonne latir mas nem sinal da garota. O rosto se contorce, ela fora embora. Mas então como trancara a porta? Um turbilhão de pensamentos do que poderia ter acontecido nem pensa mais, já leva o solado do tênis até a porta arrancando o suporte da corrente, puxa a glock do coldre e já ia invadindo a casa olhando para todos os lados, mas logo o queixo cai e os olhos se arregalam. Essa não era sua casa. Estava tudo limpo, o branco da cozinha era visível, nem se lembrava que a pia tinha um fundo, tapete próximo a pia, tapete???? Era uma de suas camisas. Ainda de braço estendido continuava andando dentro da casa. Roupas molhadas no varal da área de serviço. Então era pra isso que servia as cordinhas na parede? E um olhar lateral faz sua face corar, cuecas lavadas e limpas! Tropeça em algumas sacolas no chão, então tudo aquilo era lixo? Olha de relance pra um dos sacos abertos e tira uma playboy antiga. A face cora novamente. Se ela achou a revista também achou... A caixa. Ainda com a arma em mãos empurra a porta do banheiro, nem imaginava que aquela era a cor original dos azulejos, o espelho estava limpo, a banheira e o box estava aberto e lá estava a garota, de olhos fechados deixando a água morna escorrer pela pele branca passando por cada centímetro do seu corpo, o cabelo que se grudava a pele e escondia ligeiramente suas costas. Parecia que ele acompanhava um dos pingos que lhe cai sobre os cabelos e desce lentamente pela face passando pelas orbes azuis escondidas por trás das pálpebras tão brancas, a face rosada, os lábios e eis que esse pingo se perde quando as delicadas mãos pousam sobre  o rosto para lhe tirar  o excesso de água e quando nota lá estavam as orbes pousadas em seu olhar.

- Ahhh você chegou??? – Desculpa não ouvi você chegando às vezes me distraio quando estou no banho. – Puxando a toalha e enrolando o corpo. Demorou um pouco até Wacklon entender por que a visão da pele branca fora ocultada. Ela notava que estava falando com as paredes até ele voltar a olhar em seus olhos sem jeito.

- O que diabos você fez com a casa? – Não era essa a pergunta que ela esperava pelo menos um “boa tarde”, ou “como está”? Mas já devia saber que isso não sairia dos lábios dele. Wacklon recoloca a arma no coldre e tira o mesmo deixando sobre a pia.

- Eu, limpei. Fazia quantos anos que você não limpava isso aqui? Uns... 10? E o coitado do Bonne estava cheio de pulgas. – O cachorro vinha lentamente e sentava ao lado dele lambendo sua mão. Nossa até a cor do cachorro estava diferente.

- Eu nunca tive tempo pra casa. – Nota que segurava a Playboy e tenta esconder mas ela já notara.

- Bem essa foi pro lixo por que tinha outra igual, mais nova então joguei a mais velha no lixo. As outras estão aqui – Aponta pra um balde velho que fora cortado ao meio e encaixado de alguma forma, lá estavam todas as revistas. Ele fica em silêncio constrangido com a cena, mas ela parece não se importar e continua falando. – E a caixa que estava nos fundos do armário continua lá, mas do lado direito embaixo das prateleiras onde estão seus sapatos, tem algumas camisas limpas enquanto as outras secam e aconselho você ir comprar algo pra comer por que o queijo e o pão de anos atrás que estavam no fundo da geladeira estavam mais do que estragados. – E então ele lembra, a caixa!

- Você abriu a caixa???? – Já estava próximo dela a segurando pelos braços, tinha uma raiva nos olhos. – Me diga!!! Você Abriu?????

- Não... Eu não abri... Eu... Juro... Ai ta me machucando! – Tentava soltar os braços que assim que são libertados das mãos ásperas dele ficam com uma ligeira marca vermelha. Ele olha e baixa a cabeça sem jeito.

- Me desculpe. Aquela caixa jamais deve ser aberta entendeu? – Já virava de costas e saia do banheiro, a cama estava sem lençóis e o colchão aparentemente fora limpo também. Senta na beirada passando a mão pelos cabelos desgrenhados. Ela sai do banheiro enrolada na toalha.

- Desculpa atrapalhar seu momento de reflexão, mas você precisa de lençóis, eu de roupas e nós de comida. Que tal providenciar a comida? Fazer faxina da fome sabe? – Sorria daquela forma meiga que fizera no dia anterior, ele a olha novamente com o olhar perdido e o olhar desce até seu braço vendo as marcas. Novamente sem jeito se levanta.

- Vou comprar comida. E trazer alguma roupa pra você vestir. – Sem dizer mais nada pega o casaco e sai fechando a porta da cozinha.

- Ele é sempre assim Bonne? – Acariciava a cabeça do cachorro que solta um pequeno latido deixando a cabeça apoiada no colo da moça. – Devia ter pedido pra ele trazer xampu e um sabonete novo. Mas espero que ele tome vergonha e compre algumas coisas pra essa casa. – Se levanta sendo seguida pelo cachorro enquanto colocava a mesa.

Alguns minutos se passam e algumas horas. Ela já não agüentava mais de fome! Imaginando onde ele estaria vai até a estante pegando um dos livros e se assusta quando lê o titulo.

- Shakespeare? Sonhos de Uma Noite de Verão? Agora to com medo dele. – Sentando na poltrona e começa a ler. Já estava na metade quando ele chega com várias sacolas, tinha a face furiosa e uma veia saltava em sua tempora. Ela se levanta para ajuda-lo com as sacolas, mesmo com medo pergunta. – O que aconteceu?

Continua...