terça-feira, 3 de novembro de 2009

O Codice: Capitulo 1 - O Homem



E o galo cantava. Mas que diabos de galo era esse que cantava às 2 horas da madrugada? Levanta-se com sacrifício, o corpo pedia pra continuar na cama assim como a cabeça ainda pendia para os lados, o bocejo involuntário faz a boca se escancarar e o mau hálito matinal embaçar o espelho em cima da pia, matinal? Ainda eram 2 horas da manhã! Não gosta muito da imagem refletida, um homem na casa dos 25 com a barba por fazer, os cabelos castanhos já roçando os ombros estava sem brilho e com pequenos toques de grisalho adiantado. Ergue os braços sentindo o odor que sai debaixo de suas axilas, precisava urgente de um banho. Se afasta mirando o próprio corpo, agora sim gostava da imagem. Músculos ligeiramente definidos ainda mais com a força que fazia para contraí-los.

-Isso aí garotão – Fala enquanto mudava de posição checando os tríceps, bíceps e afins. Se vira encarando o boxe do banheiro imundo, também precisava limpar a casa mas, para que? Empurra a porta e liga a ducha, nem precisara tirar a roupa. Dormia pelado. Gostava da liberdade de morar sozinho, roupas sujas, comida espalhada, garrafas vazias, teias de aranha e uma camada grossa de poeira cobria os moveis do quarto. O sabonete ressecado era esfregado contra o corpo rapidamente, estava atrasado. Por que o maldito galo não cantou uma hora antes? Sai do banheiro molhando tudo por onde passa, pelo menos dava uma limpadinha no chão. Esfregava a toalha na cabeça e a deixava pendurada ali enquanto vestia a calça de couro e uma regata branca.

-Hora do trabalho... Bonne?! -Grita pelo labrador que sai debaixo da cama balançando a cauda.
-Tem comida pra você na cozinha, cuide da casa. Eu volto assim que acabar garotão. – E dizendo isso faz um pequeno afago nos pelos do cão, que também precisava urgente de um banho e de um bom anti-pugas.
Abrindo a porta da cozinha que ligava a casa a garagem e com movimentos rápidos ia abrindo o porta malas do Dodge Charllenger vermelho, levantando o step e olha pra o mostrador digital, qual era mesmo a senha? Olha pra placa do carro e digita o que via, a lâmpada verde acende e abre o fundo falso. Era um verdadeiro arsenal, glocks, facas, adagas, algemas, dinamite, granadas e uma 38. O orgulho do papai, e é para esta que leva a mão e a coloca no coldre que já estava fixando ao corpo e do outro lado uma glock 9mm. O Sobretudo pendurado no banco traseiro era jogado sobre os ombros, as mãos desciam pelo corpo entrando no bolso da calça e puxam o celular, digita um número que sabia de cor. É atendido rápidamente. Aproveitava para calçar um all star vermelho acinzentado de tão velho.

- Esquina da 48 com a Lexton, 4º andar. Anotado. – E já desligava o telefone apertando o botão que abria a garagem. Saindo dirigindo como qualquer cidadão americano educado, sem cantar pneu, indo a 40km/h, passando pelo primeiro radar entra na esquina mais próxima. Caminha até a traseira do carro com uma chave de fenda na mão, retira a placa e a vira a parafusando novamente, faz o mesmo com a placa da frente e agora sim. Esse era o Wacklon, deixa um longo rastro do pneu no chão e segue pra o endereço. Chegara mais rápido que o previsto. Era um prédio desgastado com o reboco já caindo, lugar perfeito para tal ponto de encontro.

-E lá vamos nós... Isso tá ficando monótono de mais... – Descendo do carro fecha a porta com um “coice” deixando uma marca ligeiramente limpa na pintura. Subia as escadas abrindo e fechando a boca como se murmurasse alguma música, a face entediada começa a subir dois degraus de cada vez. Bastou chegar no andar pra começar a ouvir os gritos.

- Ah merda já começaram... – Puxa glock do coldre a destravando. Ouvia o chão ranger sob os seus pés, mas esperava que eles não ouvissem. Com tantos gritos seria impossível. O plano de sempre, arromba, grita, entra, mata, sai. Novamente sem testemunhas, sem reféns, sem herói. Todos tinham que morrer. O pé abre a porta e os dedos trabalham rápido junto com os olhos. Um, dois, três, corpinhos, quatro, cinco, seis corpinhos tombam ao chão. Aproxima-se dos corpos e só pra se certificar, puxa o 38 e da um tiro na testa... Em segundos os corpos viram cinza.

- Humph... fracotes... Com bala de prata? Nem precisei cortar a cabeça fora. Saco... - Se aproxima do corpo feminino nu que estava preso à cadeira tombada e se abaixa a olhando. Os cabelos vermelhos colados à face pelo sangue que se destacava na brancura da pele, os lábios carnudos entreabertos como num ultimo grito de dor, os seios fartos colocavam dúvidas em sua cabeça quanto a idade da garota, continua correndo os olhos pelo seu corpo torneado que apesar de toda a sujeira e os leves cortes conservavam tamanha beleza. Nos pulsos pequenas letras lhe chamam a atenção por um segundo, mas logo um comichão passeava pelo seu corpo levando uma sensação boa. Se pega por um momento pensando em deixá-la ali, viva. Mas não podia, ela provavelmente fora corrompida. Erguia a glock a aproximando do cenho da bela face, a mão tremia, o corpo travava uma batalha contra a mente e quando percebe, brilhantes orbes azuis miravam seu rosto como numa súplica para continuarem brilhando.

- Por favor... Não... Por favor me deixe ir não me machuque mais... Por favor... – E a voz tão doce paralisa aquela mente que conhecia tão bem o mal. Mas não podia parar não agora. Um movimento, um estampido. Estava tudo acabado.

Continua...

~ Proibida Cópia total ou parcial sem meu prévio consentimento.

domingo, 1 de novembro de 2009

Marcada - Capitulo 1




Aconteceu... Naquele dia. Nada parecia diferente, nada estava fora do lugar. O sol nasceu preguiçoso, tímido, escondendo-se atrás das nuvens. Mas foi a claridade por entre a janela que me despertou. Deixei meus pais em Washington aos 19 anos e agora moro sozinha num apartamento minúsculo no sul de Nova York, sempre bem arrumado, cada coisa em seu devido lugar. Tenho 22 anos, me chamo Manuela e sou garçonete no The Lights, uma boate cheia de hormônios a flor da pele liberados por álcool e drogas. Minha única companhia é a Sundace, ou Sandie como a chamo. Uma gata vira latas que apareceu um dia em minha porta e acabou ficando. É claro que tentei ser uma pessoa normal, namorados, amigos, saídas a noite... Mas com o tempo e todas as desilusões, tudo isso ficou no passado. Tenho apenas 22 anos e sinto-me velha, onde os acontecimentos de 5 meses atrás são um passado remoto. Era 4 de Julho, feriado! Vamos comemorar a independência dos Estados Unidos da América. Vesti meu roupão, calcei os chinelos e comecei a minha rotina de cada dia, pegar as correspondências. Esse devia ser com certeza o pior dia para os carteiros, eu que mal recebo cartas sempre me surpreendo com a quantidade de propaganda do tipo “Feliz 4 de Julho, seja independente como seu país, empréstimo liberado em até 24h”, que atolavam minha caixa de correio. Enquanto a chaleira reclamava no fogão, informando que a água do meu café com canela de todas as manhãs já estava no ponto eu ia separando as cartas em 3 montes, “vale a pena ler”, “contas” e “lixo”. Estranho como 90% acabava indo para o lixo. Mas aquele último envelope me deixou curiosa. Era pardo, em tamanho comum, pequeno, simples. Tinha o meu endereço impresso em adesivo branco, colado de forma minuciosa, devido ao fato de estar reto e centralizado no envelope. Olhei o verso, o remetente não passava de siglas e números incompreensíveis. Ele parecia vazio. O coloquei na pilha de “lixo”, devia ser apenas mais uma propaganda inútil. Em apenas mais um minuto, as torradas estavam prontas, o café servido e eu comia enquanto ouvia a rádio local.

- E agora mais uma no super flash back da manhã! Linger, The Cranberries.. As 7:47h da manhã ensolarada de seu sábado, só para você querido ouvinte!

Um sorriso nos lábios era oculto pela caneca em meus lábios, o ultimo gole era dado e me colocava a frente da pia lavando os pratos.

- But I'm in so deep. You know I'm such a fool for you... – Cantava o refrão que sabia de cor, lembranças da infância passando por minha cabeça enquanto recordava o primeiro beijo roubado em uma festa quando tinha 13 anos. – Do you have to, do you have to let it linger...

A música chegava ao fim e minha rotina continuava. Agora restava, limpar a casa, apanhar o lixo, tomar banho, ir a lavanderia levar a roupa da semana, ir à mercearia comprar algo pro almoço, cozinhar, recolher novamente o lixo, preparar o jantar, tomar um longo banho, comer e ir trabalhar. Trabalhar num local que funciona apenas a noite tem suas vantagens, lhe deixava com todo o dia livre, no meu caso também era uma desvantagem. Me deixava com muito tempo livre. As cartas continuavam no balcão. Resolvi conferir a pilha de “contas”, e lá estavam elas, impecáveis com suas datas de vencimento e valores exorbitantes destacados. Não tinha problema com dinheiro, ganhava bem na boate, boas gorjetas e tinha uma quantidade considerável em minha poupança. As organizei por suas datas de vencimento, as pagaria na segunda de manhã. Ia conferindo as que valiam a pena ler... Renovar minha assinatura na revista, claro, minhas revistas me mantinham ocupada quando não tinha nada pra fazer. Cupom de desconto em um novo restaurante, desconto na lavanderia. Ótimo, lavaria roupas mais barato devido ao cartão fidelidade Super Wash. Por desencargo de consciência comecei a rever a pilha de lixo, jogando-as em seu devido lugar. Propaganda, lixo, propaganda, lixo, propaganda, lixo, propaganda, lixo e a carta. A curiosidade chegava a correr entre minhas veias, fazendo meu sangue formigar até a ponta dos dedos. Talvez seja por isso que de forma ágil rasguei a borda do envelope e puxei o único papel que havia dentro. Um pedaço de papel branco com uma escrita fina e apesar de caprichada, era firme. Ler o que havia escrito acabou adicionando um choque em meu rosto.

“Cansada de sua rotina Manu? Talvez devesse aproveitar mais o tempo que possui ao invés de se lamentar pelo tempo que passou”. - H. H.

Apenas isso. H? De que? Henrique? Heitor? Helio? Hugo? Harry? Quem escreveria isso? Não conhecia ninguém que o nome começasse com H... Só o Harry, barman da boate. Mas ele não faria isso, mal nos falávamos, ele não gostava de mim, eu não gostava dele. Só podia ser uma piada de mau gosto, alguma brincadeira de um de seus vizinhos, alguém da boate. Provavelmente eles esperam que eu chegue lá comentando que recebi uma carta esquisita, que estava apavorada e começariam a rir da minha cara. Há Há. Foi muito engraçado. Enfiei o pedaço de papel no envelope e o coloquei junto às contas. Balancei a cabeça tentando espantar qualquer idéia maluca e voltei a minha rotina. Limpei todo o apartamento, troque os lençóis de cama, toalha da mesa e fui tomar o meu banho. A música tocando suave na cozinha... Era impossível não cantar enquanto tomava banho...

- And it's such a miracle that you and me are still good friends, after all that we've been through... I know we're cool... I know we're cool...

A carta foi esquecida enquanto eu ia até a lavanderia em meu carro, um dodge challender 1969... Um achado no ferro velho. Claro que não estava nas melhores condições, mas eu simplesmente não queria me dar ao trabalho de concertá-lo. Ele funcionava, estava de bom tamanho. Cumprimentei a Senhora Wong como de costume, deixei minhas roupas e inaugurei meu cartão fidelidade Super Wash a cada 50kg de roupa, ganhe 10kg grátis. Iria demorar até eu alcançar os 50kg. Deixei meu pensamento vagar enquanto a Sra. Wong registrava minhas roupas, fui tirada de meu torpor não pela sineta informando a chegada de novos clientes e sim pela frase que a loira siliconada dizia a sua amiga ruiva falsificada.

- Foi estranho, nenhum remetente! Só o papel dizendo “Viva o presente, esqueça o passado, mude seu jeito de ser e seja feliz!” E ainda tinha o meu nome... Dirigida a mim! – A loira dizia com um tom ligeiramente desconfiado.

- Eu também recebi... E mais duas vizinhas... O que você acha que é?- Sorria presunçosa por poder dizer a sua querida amiga que não foi à única a receber a correspondência estranha.

- Sei lá deve ser alguma promoção maluca. – Encerrava o assunto, se a amiga recebeu não deve ser nada exclusivo como havia pensado.

Fiquei olhando as duas intrigada, mas logo minha curiosidade sobre a carta foi embora. Se tanta gente havia recebido, o que tinha de estranho nisso?! Dei de ombros pegando o recibo, e continuei minha rotina. Comprei um frango para o almoço, o deixei assar no forno enquanto passava roupa. Almocei lentamente, lavei os pratos, recolhi o lixo, fiz o jantar, comi, tomei meu longo banho e me troquei pra ir trabalhar. A carta já tinha sido definitivamente esquecida era apenas uma propaganda de algo sem sentido afinal. Cheguei na boate com uma boa dianteira, como todos os dias e fui ajudar o Steve a arrumar as mesas.

- Hey garanhão... Quais os planos pra essa noite? Absinto e sexo selvagem? – Perguntei no tom brincalhão de sempre, erguendo a perna sobre uma cadeira como um convite a ele.

- Credo Manu sabe que da fruta que você gosta eu como até o caroço! Desista de me converter pro lado másculo okay? O Junior não vai ficar nada satisfeito se eu o abandonar! – Passou por mim dando um tapa em minha bunda, previamente empinada. Caímos na gargalhada. Era um bom amigo, confidente, gay de mais da conta que me ouvia e dava conselhos sempre que necessário. Faltava uma hora pra boate abrir e a fila do lado de fora já era grande.

Fui me trocar, aquele decididamente era um uniforme que assustaria minha mãe, micro short de couro, corsete e meia arrastão, cabelos presos em um firme coque a nuca, no rosto uma mascara prateada. Ao colocar a máscara eu era Nicky, a garota forte, decidida, intocada pelos rapazes da boate. A não ser que eles queiram ser jogados pela porta por trogloditas que Lucy, a dona insiste chamar de seguranças. A sirene tocando no salão, era o sinal pro DJ começar a tocar e os clientes vips entrarem antes da plebe. Meu trabalho era simples, levar bebida nas mesas dos mauricinhos metidos na área vip, sorrir sempre, evitar contato físico mas deixar transparecer que se me derem uma boa gorjeta poderão ter algo mais de mim, coisa que claro, não acontece. Mas ainda assim lhes dou esperança que se voltarem, poderei ceder a seus caprichos. E assim a clientela era mantida por mim e pelas outras garotas. Entrei no salão com um sorriso adornado pelo batom vermelho, peguei a bandeja no balcão e comecei a recolher os pedidos, passava por entre as mesas, entregava os pedidos, ganhava gorjetas e cartões com telefone. Em pouco tempo o lugar estava cheio, a música bate-estaca sempre com sua mesma batida, podia sentir meu coração acompanhando o ritmo – tum tum, tum tum tum – É difícil enxergar a minha volta com a nevoa branca causada pelo gelo seco, as luzes bruxuleantes tornam o ambiente atrativo, ainda mais pelos corpos que contorciam-se na pista de dança. Foi então que senti, uma pontada em minha nuca, aquelas em que você sente que alguém te observa, girei de um lado para o outro tentando encontrar a fonte do olhar, mas quando parecia ter encontrado, desaparecia. A sensação mudava de direção, andava me desviando dos corpos suados, ouvindo murmúrios de desagrado quando pisava no pé de alguém ou separava um casal se esfregando além do que é permitido pelos bons costumes.

- Cadê você? Onde está? – Era uma força maior, algo que me impulsionava em sua direção. Foi então que eu o vi. Parado distraído atrás de uma pilastra, mal consegui distinguir suas formas com o próximo jato da fumaça de gelo seco, e quando se dissipou ele havia sumido e a sensação foi embora junto com ele. Devia está ficando maluca, olhava em volta esperando vê-lo do meu lado, foi então que o grito da Lucy me mandando voltar ao trabalho acabou me levando a área vip e aos gracejos dos mauricinhos.

A noite chegava ao fim, meu expediente também. Como de costume ajudei o Steve a arrumar o salão, jogamos os objetos perdidos entre as danças de acasalamento dentro de uma caixa, e nos sentamos exaustos. Tirei a máscara a jogando sobre a mesa e puxei todos os papeis da bolsinha lateral que carregávamos, separando o que era dinheiro e os diversos cartões com telefones e cantadas baratas. Era um momento divertido, Steve sempre pegava as cantadas para ficarmos juntos rindo da cara dos imbecis.

- Quero conhecer a mulher por trás do couro - Carlos. Uaaaau Manu! Essa foi profunda!!!! Não, não espera! Essa é melhor... Sua máscara ficaria linda jogada no chão do meu quarto, me liga - JR. Sabe garota você devia ligar pra algum deles... Sair, se divertir... você merece uma folga de vez em quando! – Steve se divertia jogando os papeis lidos em um canto e abrindo outros, a conversa acabava indo parar sempre neste mesmo ponto, eu dava sempre a mesma resposta.

- Steve esses caras só querem uma noite, depois me largam e não ligam no dia seguinte. Eu quero namorar, quero um romance sabe? Nem precisa ser pra sempre... Só ser feliz. – Falava a ultima frase com um certo aperto no coração, por que tudo sempre começava feliz e terminava triste. Era inevitável.

Ah, não! Olha só essa! – Steve falava abismado enquanto pegava um dos papeis e lia com sua voz aguda de tanta excitação. – Cara Manuela, cansada de sua rotina? Talvez devesse aproveitar mais o tempo que possui, viver mais a sua vida, ela é finita, deveria aproveitá-la melhor. – H” . Ele falou bonito! Esse merecia você telefonar! Nem foi uma cantada Manu! E ainda... Opa, não tem telefone...

Eu não ouvia mais o que ele falava, arrancava o papel de suas mãos e reconhecia a caligrafia. A mesma da carta, não restava duvidas, e o H... Era a mesma pessoa. E estava ali! Perto de mim! Entregou o papel na minha mão! Levantei apressada, peguei o dinheiro da gorjeta, não me dei o trabalho de trocar de roupa. Vesti o casaco e saí correndo pros fundos da loja deixando um Steve atordoado na mesa. Dirigi mantendo o limite de velocidade quando minha vontade era de voar pra casa. Travei uma batalha com a chave que teimava em escapar do buraco da fechadura, finalmente a porta cedeu e fui correndo pegar a carta, coloquei um do lado do outro, de fato era a mesma pessoa... Por que? Será que as outras pessoas que haviam recebido a carta também receberam um segundo bilhete? Não me dei o trabalho de trocar de roupa ou tirar a maquiagem. Não sei como cheguei até a cama, não me lembro de ter dormido ou sonhado, mas acordei com a voz grave de meu rádio.

- Essa é a sua rádio preferida com as ultimas noticias, foi encontrado esta madrugada o corpo de uma mulher loira, aparentando 32 anos. A policia não deu detalhes, mas ela fontes seguras nos informaram que seu corpo estava cheio de fraturas, cortes e mordidas, além do forte indicio de que foi estuprada. Voltaremos em breve com mais noticias, fiquem agora com a favorita da manhã...

“I dreamed I was missing... you were so scared... But no one would listen... Cause no one else cared...”.


Tinha certeza de estar completamente acordada, assassinato? Estupro? Corpo destroçado? Nem ouvira a música que começava lenta. Parecia que minha rotina havia sido quebrada...

“When my time comes, forget the wrong things that I've done, help me leave behind some reasons to be missed...”.

Mas eu ainda tinha que levantar e fazer meu café com canela... Ir na mercearia, na lavanderia... E ir trabalhar.


~Trilha Sonora

>The Cranberries - Linger
>Gwen Stefani - Cool
>Leave Out All the Rest - Link Park

~ Titulo do livro "Marcada" de P.C. Cast e Kristin Cast.
~ Apenas o Titulo. História Original de minha autoria.
~ Proibida Cópia total ou parcial sem meu prévio consentimento.