quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

O Codice: Capitulo 3 - Novos Dias




A fumaça do cano de escape ia enchendo lentamente a garagem, finalmente em casa. O dia fora duro mas nada que algumas boas horas na banheira e algumas carteiras de Malboro não resolvessem. Enquanto esse devaneio lhe vem a mente caminhava em direção a porta da cozinha, empurrava a porta que cede até a corrente do pega ladrão, mas o tranco surpreso o faz dar de cara na porta.

- Cacete... – Massageava o nariz tentando entender por que diabos a porta estava fechada e quem ela pensa que é pra trancar a porta desse jeito? Tentando se lembrar se a disse pra não tocar em nada enquanto forçava a porta.

- Ow, garota??? Alooowww??? – Ouvia Bonne latir mas nem sinal da garota. O rosto se contorce, ela fora embora. Mas então como trancara a porta? Um turbilhão de pensamentos do que poderia ter acontecido nem pensa mais, já leva o solado do tênis até a porta arrancando o suporte da corrente, puxa a glock do coldre e já ia invadindo a casa olhando para todos os lados, mas logo o queixo cai e os olhos se arregalam. Essa não era sua casa. Estava tudo limpo, o branco da cozinha era visível, nem se lembrava que a pia tinha um fundo, tapete próximo a pia, tapete???? Era uma de suas camisas. Ainda de braço estendido continuava andando dentro da casa. Roupas molhadas no varal da área de serviço. Então era pra isso que servia as cordinhas na parede? E um olhar lateral faz sua face corar, cuecas lavadas e limpas! Tropeça em algumas sacolas no chão, então tudo aquilo era lixo? Olha de relance pra um dos sacos abertos e tira uma playboy antiga. A face cora novamente. Se ela achou a revista também achou... A caixa. Ainda com a arma em mãos empurra a porta do banheiro, nem imaginava que aquela era a cor original dos azulejos, o espelho estava limpo, a banheira e o box estava aberto e lá estava a garota, de olhos fechados deixando a água morna escorrer pela pele branca passando por cada centímetro do seu corpo, o cabelo que se grudava a pele e escondia ligeiramente suas costas. Parecia que ele acompanhava um dos pingos que lhe cai sobre os cabelos e desce lentamente pela face passando pelas orbes azuis escondidas por trás das pálpebras tão brancas, a face rosada, os lábios e eis que esse pingo se perde quando as delicadas mãos pousam sobre  o rosto para lhe tirar  o excesso de água e quando nota lá estavam as orbes pousadas em seu olhar.

- Ahhh você chegou??? – Desculpa não ouvi você chegando às vezes me distraio quando estou no banho. – Puxando a toalha e enrolando o corpo. Demorou um pouco até Wacklon entender por que a visão da pele branca fora ocultada. Ela notava que estava falando com as paredes até ele voltar a olhar em seus olhos sem jeito.

- O que diabos você fez com a casa? – Não era essa a pergunta que ela esperava pelo menos um “boa tarde”, ou “como está”? Mas já devia saber que isso não sairia dos lábios dele. Wacklon recoloca a arma no coldre e tira o mesmo deixando sobre a pia.

- Eu, limpei. Fazia quantos anos que você não limpava isso aqui? Uns... 10? E o coitado do Bonne estava cheio de pulgas. – O cachorro vinha lentamente e sentava ao lado dele lambendo sua mão. Nossa até a cor do cachorro estava diferente.

- Eu nunca tive tempo pra casa. – Nota que segurava a Playboy e tenta esconder mas ela já notara.

- Bem essa foi pro lixo por que tinha outra igual, mais nova então joguei a mais velha no lixo. As outras estão aqui – Aponta pra um balde velho que fora cortado ao meio e encaixado de alguma forma, lá estavam todas as revistas. Ele fica em silêncio constrangido com a cena, mas ela parece não se importar e continua falando. – E a caixa que estava nos fundos do armário continua lá, mas do lado direito embaixo das prateleiras onde estão seus sapatos, tem algumas camisas limpas enquanto as outras secam e aconselho você ir comprar algo pra comer por que o queijo e o pão de anos atrás que estavam no fundo da geladeira estavam mais do que estragados. – E então ele lembra, a caixa!

- Você abriu a caixa???? – Já estava próximo dela a segurando pelos braços, tinha uma raiva nos olhos. – Me diga!!! Você Abriu?????

- Não... Eu não abri... Eu... Juro... Ai ta me machucando! – Tentava soltar os braços que assim que são libertados das mãos ásperas dele ficam com uma ligeira marca vermelha. Ele olha e baixa a cabeça sem jeito.

- Me desculpe. Aquela caixa jamais deve ser aberta entendeu? – Já virava de costas e saia do banheiro, a cama estava sem lençóis e o colchão aparentemente fora limpo também. Senta na beirada passando a mão pelos cabelos desgrenhados. Ela sai do banheiro enrolada na toalha.

- Desculpa atrapalhar seu momento de reflexão, mas você precisa de lençóis, eu de roupas e nós de comida. Que tal providenciar a comida? Fazer faxina da fome sabe? – Sorria daquela forma meiga que fizera no dia anterior, ele a olha novamente com o olhar perdido e o olhar desce até seu braço vendo as marcas. Novamente sem jeito se levanta.

- Vou comprar comida. E trazer alguma roupa pra você vestir. – Sem dizer mais nada pega o casaco e sai fechando a porta da cozinha.

- Ele é sempre assim Bonne? – Acariciava a cabeça do cachorro que solta um pequeno latido deixando a cabeça apoiada no colo da moça. – Devia ter pedido pra ele trazer xampu e um sabonete novo. Mas espero que ele tome vergonha e compre algumas coisas pra essa casa. – Se levanta sendo seguida pelo cachorro enquanto colocava a mesa.

Alguns minutos se passam e algumas horas. Ela já não agüentava mais de fome! Imaginando onde ele estaria vai até a estante pegando um dos livros e se assusta quando lê o titulo.

- Shakespeare? Sonhos de Uma Noite de Verão? Agora to com medo dele. – Sentando na poltrona e começa a ler. Já estava na metade quando ele chega com várias sacolas, tinha a face furiosa e uma veia saltava em sua tempora. Ela se levanta para ajuda-lo com as sacolas, mesmo com medo pergunta. – O que aconteceu?

Continua...  

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