O corpo se mexia inquieto sobre algo macio, o cheiro de mofo ia impregnando as narinas fazendo os sentidos despertarem, lampejos do que havia acontecido até aquele momento começam a bombardear a sua mente, mas foi o bater da porta que despertou completamente. Ergue a cabeça tentando focar a imagem a sua frente e demora um pouco para os olhos se acostumarem a pouca claridade do lugar. Estava em um quarto imundo, empoeirado e mal arrumado. O Cheiro de mofo vinha dos lençóis sobre a cama onde estava deitada. Vê parado ali de frente o homem de feições duras que a desmaiara na noite anterior, ainda sentira a pequena protuberância na lateral de sua cabeça onde levara a coronhada, o olhava mais um pouco se lembrando bem do que ocorrera na noite anterior, olha para a sacola em suas mãos e toma coragem para falar.
- Quem é... Você? - Foram as primeiras palavras que saíram dos lábios carnudos da jovem moça enquanto ela olha para o corpo nu embaixo dos edredons e logo fita o homem que anda de lá pra cá sendo seguido pelo labrador, ele apenas a olha mas nada responde, desaparece no cômodo ao lado e volta com um tecido na mão que joga em cima da cama.
Ela o segura e o ergue, uma camisa.
- Obrigada... - Abre a boca para falar algo, mas um leve ronco de sua barriga faz a face corar e olhar para o homem - hummm faz dias que não como... Você por um acaso... - E antes que termine a frase o homem tira da sacola que trouxera um saco da Mc Donalds e entrega pra ela.
- Obrigada... - Abre a boca para falar algo, mas um leve ronco de sua barriga faz a face corar e olhar para o homem - hummm faz dias que não como... Você por um acaso... - E antes que termine a frase o homem tira da sacola que trouxera um saco da Mc Donalds e entrega pra ela.
- Bem... Você por um acaso... Fala?! – Pergunta sem conseguir segurar o tom brincalhão enquanto ainda sentada com as cobertas sobre o colo começa a abrir o pacote vendo o que tinha dentro, puxa uma batatinha a comendo com pequenas mordidas. Ele a olha e ergue as sobrancelhas.
- É claro que eu falo – A voz soava como um rosnado de uma fera selvagem, mas isso não a intimida.
- Ótimo temos um progresso senhoras e senhores. Já sei que você fala, não gosta de arrumar a casa, não corta o cabelo a meses e tem um belo cachorro, por um acaso teria um nome também??? – E sorria de uma forma a arrebatar qualquer coração, menos o de Wacklon que a olha pensando bem antes de responder.
- Bernard Wacklon – A voz sai novamente como um rosnado e agora evitava olhar para a moça, se preocupava mais em tirar as roupas de baixo espalhadas pelo chão, arrisca um olhar de canto e percebe a forma em que as curvas de seu corpo conseguiam se sobressair mesmo na camisa mais folgada, como ela ficava bela mesmo descuidada. Se da conta do olhar perdido e da aquela escarrada pra disfarçar, vai até o banheiro e volta com o rosto molhado. Ela se detém apenas a olhá-lo em silêncio até que ele volta.
- Gabrielle Delacroix ao se dispor B. Wacklon. E ainda não agradeci... Por ter me salvado... Obrigada – Deixava a voz ficar cada vez mais calma e agradecida, não sabia o que ele pretendia com ela ali ou o que faria, mas pelo menos estava viva. Ele a olha coçando a barba e demora um pouco para responder, se lembrara do que acontecera na noite anterior, via claramente o corpo dela preso a cadeira e no momento em que se preparava para por um fim nisso como em toda missão que recebia, sem testemunhas, sem reféns, sem herói. Mas dessa vez fora diferente, quando ia puxar o gatilho muda de idéia dando uma coronhada na moça e enquanto pensava no que fazer com ela um movimento na porta dos fundos o chama a atenção, acaba fazendo do invasor que tentara ser herói um punhado de cinzas, olha novamente para o corpo delicado a sua frente e puxa a faca do suporte na bota libertando-a das amarras, a colocando no banco traseiro do carro, a dando banho... A parte mais difícil do dia. Odiava aquele comichão que não parava de percorrer seu corpo, se lembrava ainda de ter feito um afago na cabeça da moça enquanto a cobria, não sabia por que mas ela o trazia uma sensação de calma, mas como isso era possível se só a conhecia em algumas horas?
Ela ficava olhando pra ele enquanto comia, tentando entender no que ele pensava agora, mas antes que pensasse que ele fazia planos de como tortura-la e mata-la ele volta a falar.
- Por nada. – E se afasta novamente em direção ao cômodo ao lado. E assim era Wacklon, falava pouco, duro, frio. Pelo menos na vista dos outros, escondia segredos que ninguém se quer imagina que algo assim tenha acontecido com ele. Retorna com um copo de leite na mão e coloca no criado mudo ao lado da cama. – Ali é a cozinha, o banheiro e a área de serviço e... – Com um movimento rápido ele puxa o celular vibrante do bolso, odiava essas coisas, mas preferia isso ao toque estridente. Ele apenas ouve até desligar guardar o celular novamente. – Esse é o Boone ele cuida da casa enquanto estou fora. Não se aproxime das janelas, não atenda o telefone, não saia de casa, não abra a porta para ninguém. – O cachorro repousava a cabeça na beira da cama enquanto ela terminava de engolir a massa de hambúrguer e fritas em sua boca.
- Por um acaso sou sua prisioneira?! – Falava num tom sério mas não bruto.
- Não, mas aqueles homens têm aliados e seja lá o que você tenha feito ou tenha roubado deles, eles vão vim pegar de volta. Você sabe o que eles eram não é?
- Sei... Sim embora seja difícil de acreditar... Eles realmente existem? – Havia parado de comer aproveitando que o ser tão gélido resolvera abrir a boca.
- Existem e deixo bem claro que só te trouxe aqui por que não te contaminaram. Já disse as regras acho bom obedecer ou... – E da de ombros se virando e saindo pela porta sem dar chance a ela de resposta, o som da chave girando na fechadura é ouvido e ela se vê ali sozinha tentando entender que segredos um homem como ele guardava e o que fazia ali naquele lugar. Olha em volta vendo a bagunça e se põe de pé... Precisava fazer algo.
Continua...
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