- Da próxima vez você vai comprar suas roupas! – Estendendo uma sacola florida, provavelmente de uma loja feminina.
- Nossa! O que aconteceu na loja pra você chegar desse jeito? – Olhando o conteúdo da sacola, uma calça jeans, um short, algumas camisetas básicas. E ali estava o problema, num pacote menor, lingerie. Não consegue conter a risada. – Você me comprou calcinhas??? E... Sutian??? – Não conseguia parar de rir, mas ao ver a cara de bravo dele acaba se contendo. – Tudo bem entendi, mas me diz o que aconteceu?
- Como vocês agüentam? Tamanho P, M, G taça 34, 38, 40 eu não fazia a mínima idéia! Altura? Cintura? E a vendedora não parava de fazer perguntas idiotas do tipo “ah ela gosta de cintura alta?” como assim cintura alta? Humph. Da próxima vez você vai! – A cena era realmente cômica, ele andando pra lá e pra cá falando de coisas que era comum pra ela. Mas com um ronco da barriga ele muda de assunto. – A comida ta, droga esqueci no carro. – Se levanta indo buscar.
- Tudo bem, vou me trocar pra comer. – Ele logo retorna e a encontra de costas, usando uma das lingeries, abaixada puxando o short pelas pernas grossas, quando percebe que ela ia se virar apressa o passo até a cozinha, a mesa estava posta. Pratos, talheres, copos e um pequeno jarro com flores, nem imaginava que algo assim existia em sua casa.
- Bem espero que tenha trazido bastante comida por que eu to faminta! – Já pegava o pacote das mãos dele, comida chinesa. – Hummmmmm adoro comida chinesa! – Ele ficava de pé a olhando enquanto ela o servia. – Er.. B, você pode sentar sabe? Mas primeiro vai lavar as mãos! – Fala com tom mandão e começa a rir.
- Não abusa da sorte garota. – Vai até a pia da cozinha e lava as mãos rapidamente, a olha de canto. Ela o esperava para comer. Assim que ele senta ela pega o hashi comendo, ele fica olhando pra ela e pra os pauzinhos e pega o garfo.
- Ei, não tem graça comer de garfo! – Tirando o garfo da mão dele, se levanta pegando o hashi. Assim, você pega e coloca ele entre os dedos ta vendo? Agora tenta.
- Eu não quero usar esses palitos, se fosse pra comer assim eu comia espetinho! – Olhando de cara amarrada. Mas ela já estava se acostumando com o jeitão dele e não desiste.
- Você vai comer de hashi! Anda! – Pega a mão dele e coloca o hashi na posição certa e o mostrava como movimentar e segurar a comida. Mas ele não ligava mais pra comida, como a pele dela era macia, como seu toque era quente. Ele fica em silêncio olhando para a mão dele sobre a sua, ela logo solta e vai sentar voltando a comer quieta.
Ele apenas murmura algo e tenta pegar uma porção do yakisoba, que logo cai. Ela o olha e sorri.
- Isso, mas da próxima vez tenta enrolar um pouco no hashi. – Ele o faz e estava uma delicia, mas com a fome que tava tudo parecia gostoso.
O silêncio predomina pelo resto da refeição até que os pratos ficam limpos. Ela o olha receosa, queria perguntar algo, mas tinha medo da atitude dele perante a pergunta. Resolve arriscar assim mesmo.
- B, posso te perguntar algo? – Não esperava menos do que o olhar que ele lança a ela, mas ainda assim ele afirma com a cabeça então ela continua. – Por que você ficou tão agitado quando eu falei daquela caixa? – Passa a mão pelos braços onde ficara pequenas marcas do nervosismo dele.
- Eu esperava que... Você perguntasse isso. – Ele parecia triste, mas se levanta e vai andando até o quarto, ela o segue. Quando chega lá ele retirava a caixa do armário, era mais ou menos do tamanho de uma caixa de uma tv de 21 polegadas . A coloca sobre a cama e fica de pé. Ela senta o olhando.
- Se não quiser falar tudo bem, é só que... Queria saber o que aconteceu pra te deixar daquele jeito. – Ele parecia não ouvir, passava a mão pela caixa, como se lembrasse de várias coisas.
- Nos conhecíamos a 10 anos, quando me mudei pra cá pouco depois ela veio também, disse que não agüentou ficar longe de mim e acabamos morando junto. – Ele abria a caixa, tirando um vestido longo num tom claro, mas não chegava a ser branco. Coloca em cima da cama, enquanto isso ela arrisca um olhar pra dentro da caixa, dentro ainda estavam algumas peças de roupa cuidadosamente dobradas, algumas pequenas caixas e um pequeno vidro de perfume vazio. Ele continua falando. – Moramos aqui por 5 anos até que eles apareceram, descobriram de quem eu era filho, foi na mesma época em que eu descobri o que o meu pai fazia pra viver. – Ela o interrompe.
- Caçava vampiros... – Fala num tom baixo, mas logo percebe e se cala o olhando com um pedido de desculpa nos olhos. Ele não liga e continua.
- É, caçava. E eles não estavam nada felizes, quando eu descobri tentei afasta-la e deixa-la longe desse perigo. Mas ela não ouvia e dizia que queria ficar comigo e não ia me deixar por nada. Mas ela não tinha noção do perigo. Um dia cheguei em casa e ela não estava mais. Estava tudo revirado e tinha sangue por todo lado. Eu fiquei louco e sai atrás dela a procurando por todos os lados e em todos os esconderijos que eu conhecia, levei semanas até achar o lugar certo. – Tirava algumas fotos de dentro da caixa, uma bela moça ruiva, abraçada com um Wacklon bem mais novo e cuidado. - Mas cheguei tarde, alguns minutos atrasado. Matei o desgraçado que estava pendurado em seu pescoço com um só tiro bem entre os olhos, ainda consegui ver seus últimos movimentos, seus últimos suspiros e suas ultimas palavras ela disse que jamais me deixaria, que voltaria para mim. Tentei trazer seu corpo comigo, mas o lugar foi explodido, uma armadilha para me pegar, mas consegui sair de lá. Mas não consegui trazer o corpo! O teto desabou, fogo por todos os lados! E ela caiu dos meus braços quando o primeiro pavimento enfraquecera, não consegui segura-la! Não consegui! – E ali estava uma cena que ela jamais imaginara ver. Waclkon chorava como uma criança. Ela o abraça tentando acalma-lo.
- Shhh você não teve culpa, não foi sua culpa, Shhh... – E o senta ao seu lado... Logo o deita e fica abraçada a ele deixando que ele chore, apenas acariciava sua cabeça. Ainda lembrava do rosto da moça, ruiva, pele branca e olhos azuis. Lembrava ela mesma. E começa a sentir medo por essa semelhança. Se passam alguns minutos, algumas horas não sabe dizer, mas logo ela pega no sono ali abraçada com ele.
Incrível como aqueles braços lhe traziam segurança, calmaria. Era incrível como o calor daquele corpo o acalma e ele sente seu corpo esmaecer, não queria mais lembrar, apenas se mantém de olhos fechados e adormece.
Continua...
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